Esses dias Diogo (meu roommate) veio me falar da treta entre Brino e de um certo advogado aí. E aí me lembrou da época da “blogosfera” e dos conteúdos criados com base na obra de outros. E me lembrou o motivo principal pelo qual eu escolho colocar todo meu conteúdo como CC.
A política do YouTube considera o fair use (uso aceitável). Esse uso aceitável pode variar de país para país. No entanto, no Brasil, a maioria dos legistas acredita que fazer um react não é considerado um infringimento das leis de direitos autorais. Esse vídeo explica um pouco também sobre a súmula que o STF quer julgar (ou já julgou, não sei).
Ou seja, em resumo, Brino ou qualquer outro criador de conteúdo está cometendo algum crime ao fazer react de um vídeo? A resposta simples é: não. Não há lei que impeça alguém de fazer um react, mesmo que o seu canal tenha monetização.
O foco é o conteúdo ou o dinheiro?
Esses dias parei para dar uma olhada no YouTube e em diversas outras plataformas. O TikTok, por exemplo, está mostrando um anúncio para cada dois, três vídeos que você assiste. O YouTube, sem YouTube Premium, mostra diversos anúncios. Assim como a Twitch, e outros portais.
Você já tentou acessar um portal de notícias direto do celular? Quase qualquer um deles, você vê uma coisa minúscula (que é o conteúdo), o resto é anúncios, anúncios e mais anúncios.

Me lembro antigamente quando o Google Adsense tinha um certo limite da quantidade de anúncios que uma página poderia ter. E eles diziam: olha, o foco é o conteúdo. Eu acho que isso não se aplica mais para hoje em dia, né? Eu vou dar um exemplo simples. Eu vou entrar no Google no meu Android, vou entrar em qualquer notícia e vou tirar um screenshot para mostrar como é ler uma notícia em 2025.
Inclusive, acho que eles tem até um pouco de noção, pois como estou pela 5G, o número de anúncios diminuiu consideravelmente. Mas se você acessar pela Wi-Fi… boa sorte.
E jogos? Já tentou jogar um jogo gratuito na Play Store? Quantos anúncios você viu? No fim, minha vida tem se resumido a YouTube Premium e Google Play Pass. Não sei se era esse o objetivo, mas eu, como publicitário não-formado, odeio publicidade invasiva. E quero focar bem mais no conteúdo do que em anúncios, e spam, e o inferno que é acessar um site nos dias de hoje.
Mas então. O foco deveria ser no conteúdo ou nos anúncios? Eu me pergunto, por que, por exemplo, o conteúdo do certo advogado aí é um conteúdo além de tudo informativo. Esses dias mesmo, Diogo que assistiu praticamente todos os vídeos do advogado (por recomendação, pasmem, do Brino), me contou sobre a questão da multa de cancelamento de um serviço. E isso me salvou pelo menos uns R$400.

Eu não teria conseguido resolver isso se não fosse o conteúdo informado pelo advogado, que eu conheci, através de Diogo, que conheceu através do Brino.
Você está entendendo meu ponto? Tudo bem que o Brino produz conteúdo com base na produção de outra pessoa, mas ele não está deixando de informar quem é o criador original. Muito pelo contrário, ele está sendo uma outra fonte de tráfego para aquele produtor de conteúdo.
Nossa, parece que o pessoal do YouTube nunca teve uma experiência com receber links de outros produtores de conteúdo (com atribuição dofollow). E isso significava que o teu conteúdo era um conteúdo de referência, e por isso, você recebia um “posicionamento” melhor. Saudades dessa época.
Em resumo, no fim, conteúdo react/reações terminam sendo uma nova fonte de tráfego para o produtor original. Inclusive, trazendo um público que não era exatamente o público-alvo daquele produtor original. Afinal, você acha mesmo que a geração Z vai assistir um vídeo do certo advogado aí? Eu com 33 anos não vou.
Mas e o dinheiro?
Mas ninguém vive de conteúdo, né? Até a Wikipédia, que não exibe anúncios, pede dinheiro para se manter viva. Afinal, estamos em um mundo em que sem dinheiro você não come, não dorme, e se passar mal… boa sorte.
A questão da divisão de receitas é complicada. Mas existem outras formas de monetizar tudo isso. E a dica é: tem tudo a ver com conteúdo. Não precisa nem, necessariamente, mudar sua estratégia de conteúdo.
Um exemplo que pode ser bem simples: você começa a ganhar popularidade na internet por conta de um react, percebe que o seu público original que era 40+ está agora se tornando 18+. E agora? Ao invés de fazer apenas conteúdo voltado para o público de 40+, faz uma série de vídeos ensinando direito para a galera de 18+. Tenho certeza absoluta que vai:
- Trazer mais inscritos e mais visualização
- Você vai ganhar mais dinheiro. Yay.
Mas aí você olha visualização e fala: pô, fulano está com 2 milhões de views e eu estou com 200 mil. Com certeza ele é um parasita, um neoescravista (ou neoescravagista, sei lá como se escreve isso).
E todo o teu conteúdo ao invés de ficar voltado com a desgraça do conteúdo, vai ficar envolto de uma treta que nem deveria ter acontecido para o começo da conversa. 🙂
Na verdade, apesar do conhecimento adquirido por Diogo, eu particularmente não curto muito essa dinâmica de vídeos como o do Celso Russomano ou do certo advogado aí. Não é sobre a pessoa, mas sim sobre a forma como o conteúdo é transmitido. Sou muito mais de ver uma conversa/podcast sobre um tema em que é explicado sobre o direito em si, do que ver a execução do direito em si.
No entanto, atesto que existe uma coisa boa por traz do “ir atrás do seus direitos” (literalmente). Dependendo como a tua empresa for de cabeça, você faz o certo (e com certeza será elogiado por isso) ou faz o errado (e aí vira uma série de vídeos de 40 minutos no canal do Ronda/Patrulha do Consumidor, e consequentemente vai sofrer com todo o marketing negativo gerado por isso).
Mercenários do copyright
Acho que eu tenho um conceito meio complicado das coisas, mas vamos lá. Eu super apoio você ganhar dinheiro com o seu conteúdo, afinal, você estudou, batalhou e conquistou a forma de fazê-lo, independentemente de qual seja o seu conteúdo, seja música, texto, filme, livro, artes, enfim.
E nada pior do que vir um fulano aleatório, pegar seu conteúdo, não dizer que é seu e ficar milionário em cima dele. E é por isso que existem os direitos autorais, e eu super concordo em você ir atrás, processar e receber o que é seu, por direito.
Só que tem uma coisa chamada patent abuse ou patent troll (isso é mais restrito para patentes, mas se aplica aos direitos autorais também). Que é você patentear uma coisa extremamente ridícula como um palavra usada ou uma gíria e processar todo mundo que usa aquele nome, conteúdo, marca, etc.
Quer um exemplo simples: se você é gay, com certeza você já usou a expressão “gaydar”. Sabia que isso é um termo protegido por direitos autorais? 🙂 Eu sei isso da pior forma. Quando eu, com meus 18 anos, recebi um processo de 20 páginas em casa, completamente em inglês, por que eu tinha feito um blog chamado meugaydar.com. 🙂
No fim, eu creio que exista também um copyright troll, que é aquele cara que detém os direitos autorais de certa coisa, mas só usa para processar ou enriquecer às custas de outras pessoas e empresas. No fim, ele nem usa sua própria obra, só criou e registrou com o intuito de processar empresas para ganhar dinheiro. Lame.
O CC BY 4.0
O CC0, ou licenças de usos permissivos, são as licenças de copyright que basicamente dizem: olha, você pode usar o meu conteúdo da forma como você quiser! Desde que me dê a atribuição. É simples. É fácil, qualquer pessoa consegue entender.
Ou seja, se você faz um react de um vídeo meu, cria uma postagem baseada em qualquer publicação minha ou faz o que quiser com algum conteúdo meu, desde que coloque atribuição para mim, está tudo certo, estamos bem, vida que segue.
Se, no entanto, você faz isso, mas coloca a atribuição em um local privado, oculto ou simplesmente não coloca, vai dar errado. E eu vou te encontrar, e eu vou te processar (risos).
Vamos resumir (só para avisar, o termo abaixo não substitui o documento legal):
Você pode:
- Compartilhar – copiar e redistribuir o material/conteúdo em qualquer formato ou meio, de qualquer forma, até mesmo comercial.
- Adaptar – remixar, transformar e criar em cima do material, para qualquer propósito, até mesmo comercial.
O proprietário da licença (eu) não pode revogar esses termos, desde que você siga direitinho os termos.
Os termos:
- Atribuição – você deverá dar o crédito apropriado, prover um link para a licença e indicar se mudanças foram feitas. Você pode fazer isso de uma maneira razoável, mas não deve fazer de forma alguma que sugira que o autor lhe endorsa ou endorsa o seu uso.
- Sem restrições adicionais – você não pode aplicar termos legais ou colocar barreiras tecnológicas que restrinjam os outros de fazerem qualquer coisa que essa licença permita.
E aí uma parte importante: essa licença pode não dar todas as suas permissões necessárias. Por exemplo, outros direitos incluem: privacidade, publicidade ou direitos morais podem limitar como você usa o material.
E aí, na licença CC, a gente simplesmente deixa bem claro: O FOCO É NO CONTEÚDO, INFELIZ. PODE USAR MEU CONTEÚDO COMO QUISER, INFERNO.
Conclusão
Existe um certo ou errado aí? Então, não exatamente. Mas eu acho que se trata mais de uma treta desnecessária que não enriquece nenhum lado, e passa uma impressão muito errada do outro lado.
No fim, termina parecendo que o “parasita” está falando: “olha, agradeço esse público extra que você trouxe pra mim. Vou usar isso de forma positiva”. E o outro lado, está num ciclo interminável de rancor, raiva, e no fim fica parecendo mercenário, sabe? Como se o dinheiro fosse mais importante que produzir conteúdo.
Desde a treta da intolerância religiosa (que, por sinal, foi praticada por ambos – afinal, sua fé não é a única, você não está certo e a outra está errada), Diogo parou de assistir os vídeos do advogado em questão.
E, inclusive, vai que ele decide falar que meu conteúdo está denegrindo a imagem dele? Por isso, decidi trocar o nome dele por “advogado em questão” ou “um certo advogado aí”. Vai que né…
Acho que vai de cada um, mas eu particularmente prefiro ficar por dentro do direito de outras formas. Existem alguns canais que trazem o direito de forma mais fácil e podem ser, bem… melhores.
Devem ter outros, caso queira recomendar algum, só colocar aí nos comentários.
Acho que aquele canal lá, daquele advogado lá, lembra muito a dinâmico do Casos de Família, que é um outro programa que eu não assisto (mas devo confessar, que a apresentador é uma pessoa com ótimas opiniões). É mais uma questão de público mesmo.
Mas sobre a treta em questão: Brino tem suas tretas, tem seus pontos negativos, tem uma infinidade de tretas. Mas chamar ele de parasita ou de escravista não seria, afinal, injúria (parasita) e calúnia (escravista, neoescravista, imputar escravidão nos dias de hoje)? E ainda mais vindo de um advogado?
Fica aí a minha dúvida e também o meu questionamento.
🤔